Ainda
me lembro! Parece que foi ontem mesmo! Foi um transporte, como num sonho
dourado. As ruas daquela provinciana cidade, eram calçadas de pedras lisas. As
casas, antigas, em estilo colonial e exuberantes jardins, davam um ar
paradisíaco à cidadela do mundo espiritual. Parecia ser, de fato, uma colônia
de origem espanhola. Suas praças públicas, sonhadoras e poéticas, eram um
convite ao amor, ao romance.
Tudo
ali inspirava poesia e sonhos; um pedaço do verdadeiro paraíso perdido, das
lendas e histórias da humanidade, de todas as épocas e nações! Na praça
principal, uma fonte de água luminosa, com seus bancos em volta, dava um toque
especial ao local e era ponto de encontro de almas afins.
A
larga rua principal, com suas inumeráveis casas ajardinadas, alguns edifícios
em estilo antigo, escolas, uma universidade e um hospital, tudo tinha, às
vezes, intenso movimento de almas desencarnadas. Nas belas manhãs, os raios de
sol tingiam de dourado toda a cidade, dando um aspecto encantador às ruas da
mesma.
À noite, as mesmas estrelas que observamos do lado de cá da vida, também
enfeitavam os céus daquela alegre colônia. As luzes, em lustres de altos postes
em estilo antigo me traziam à mente outras tantas lembranças, de tempos idos,
lembranças essas contidas na alma e conhecidas da própria alma.
Naquela
noite, em especial, na qual eu me desdobrei e fui a esta linda estância
celeste, estava acontecendo um lindo trabalho de resgate espiritual de almas
que já esgotaram seus conteúdos cármicos. Um grupo de espíritos amparadores,
que eu costumo denominar guardiões, estava se preparando para resgatar uma alma
das zonas umbralinas. Outro destacamento de guardiões se preparava, na zona
hospitalar, para o tratamento e reequilíbrio energético e psicológico dos
recém-chegados das zonas umbralinas. No meio desse movimento de espíritos
trabalhadores do bem, eu pude vislumbrar aquela que, de alguma forma, muito
amei, na minha existência, mesmo estando separados pela densidade entre as
dimensões. Seu largo sorriso e rara beleza, me acenava de longe. Sua belíssima
vestimenta espiritual fazia parte de ministério, de seu trabalho. Ela era uma
das socorristas, em uma das equipes de trabalho, no que se refere à manipulação
de energia de cura. Sim, Rubia, tal qual a conheci, estava lá, radiante como o
astro lunar, encantadora como sempre!
A
vida, o destino, une e separa as almas que se amam de alguma forma, mesmo
porque, há várias maneiras de amar. As contingências da vida de encarnado, as
tribulações impostas pelo mundo, pelo viver, as turbulências de uma mente
traumatizada, tiveram influência nisso também. Mas uma certeza eu carrego em
meu espírito, para a eternidade; um dia, o amor uniu duas almas, plantou sua
semente, deixou sua marca profunda, sua história e isso, nem a morte, nem o tempo,
nem mesmo a separação, por qual motivo seja, pode apagar. Nem mesmo o fim dessa
história, o fim desse amor, conseguirá destruir aquilo que foi, um dia, uma
linda história de amor.
Trago,
em meu coração, a esperança de, um dia, nem que demore uma eternidade, reaver
esses laços, esse amor, consertar os meus erros, renascer das cinzas da
destruição, me erguer do abismo da morte, para depois, então, me tornar branco
como a neve, puro como a água das fontes cristalinas e mais brilhante que o
sol, para ela, para aquela que eu amei mais que a minha própria vida!
Texto
inspirado pela Guardiã
Através
de: Hélio dos Santos Pessoa
14/02/2017