Foto de acervo de Fábio de Castro, disponível no site http://www.baixaki.com.br/papel-de-parede/11847-sob-o-sol-de-outono.htm
EM ALGUM LUGAR NO
TEMPO
Esta é uma
parte fundamental da história de minha vida, de um pobre sonhador poético,
história esta que deixou profundas marcas em minha alma. Tudo começou numa
agradável tarde de outono, numa poética e sonhadora tarde que mudou a minha
vida para sempre. Eu estava saindo de uma horrível crise espiritual e
existencial, reencontrando, aos poucos, o equilíbrio emocional e psicológico.
Estava reencontrando, também, a paz que julgara nunca mais reencontrar e a
alegria de viver, após essa fase de escuridão e horrores em minha existência.
Reaprendi a sonhar e a ver poesia e romance na vida e em tudo que me cercava.
Foi nesta
ocasião que encontrei um "novo caminho" em minha vida, uma "nova" senda espiritual
que, aliás, já conhecia, mas a partir daquele momento é que passei a segui-la
com mais afinco e estudando-a mais profundamente, a Umbanda. Confesso que
fiquei encantado com essa “nova” doutrina, que trouxe tão grande paz ao meu
coração. Eu fui, pela primeira vez, depois de muito tempo, à convite de minha
mãe, num terreiro de Umbanda e fiquei apaixonado pelos trabalhos em prol da
caridade que são realizados lá. Assisti a todas as giras, como são denominadas
as reuniões de cada entidade espiritual; de pretos-velhos, de caboclos, de
crianças e dos guardiões! Foram lindos todos os trabalhos!
Foi pensando
muito a respeito de uma das linhas de trabalho da nossa querida Umbanda, a dos
guardiões ou Exus e Pomba Giras, linha esta tão mal compreendida como, aliás, a
própria Umbanda, que resolvi investiga-la, pesquisa-la mais profundamente e
tentar entender o porque de tamanho preconceito, ignorância e mitos infundados
que cercam esta linha de trabalho.
Por coisas que
somente à vida cabe uma explicação, ou por força do destino ou seja por uma
forte ligação do passado, a primeira dentre todas as Pomba Giras que encontrei
foi a Rubia, cuja história diz ser ela a Pomba gira Rosa Vermelha. Confesso que
foi algo extremamente forte, diria, mais tarde, mais forte que a vida e a
morte, o “primeiro” contato que tive com a Rubia e sua história triste, porém,
cercada de poesia, marcada por uma época poética na antiga Espanha, algo que
mudaria a minha vida, como, de fato, mudou, talvez, para a eternidade!
A partir desse
momento, comecei a estudar mais profundamente a respeito das guardiãs Pomba
Giras e descobri coisas incríveis, verdadeiras pérolas preciosas do
conhecimento sobre as verdadeiras Pomba Giras e pude ver como os mitos
absurdos, ridículos, os preconceitos sem o menor fundamento, foram caindo por
terra, uma a um, quando me deparei com a realidade que muita gente
profundamente ignorante ainda insiste em não querer enxergar. Fui conhecendo o
trabalho sério delas em prol da verdadeira caridade e unicamente para o bem,
como, por exemplo, proteção contra os espíritos das trevas, libertação
espiritual, proteção dos lares, encaminhamento das almas desencarnadas para a
mais alta espiritualidade, proteção para essas almas e muito mais. Fui, a
partir de então, estabelecendo uma relação de grande carinho e amizade sincera
com a Rubia, baseada na inteira confiança com essa amiga querida e mais que
especial, que é a guardiã Pomba gira.
No dia 25 de
maio de 2011, data que marcou a minha vida profundamente, mudando-a para
sempre, fiz o desenho abaixo, daquela que até então, acreditava e ainda acredito ser a
Rubia.
Falarei mais especificamente sobre isso mais adiante.
Falarei mais especificamente sobre isso mais adiante.
Não sei dizer
se realmente a história de Rubia mexeu muito forte com algum ponto de minha
vida passada, tendo eu muito possivelmente vivido uma intensa história de
romance com ela, ou se eu, com extrema sensibilidade no momento, tendo voltado
a sonhar, embalei-me na história dela como que num sonho divino, um sonho
dourado que faria parte de minha existência grandemente. Só posso dizer que o
que senti, ainda mais pelas vibrações do desenho cujo rosto ficou belíssimo,
algo extremamente forte, mais forte mesmo que a vida e a morte e que, por isso
mesmo, não poderia ser um mero sonho de romance ou uma doce ilusão de amor.
Teria eu realmente vivido uma grande história de amor com a moça do desenho, em
algum lugar no tempo?
Pensando
nisso, eu até hoje não sei dizer se de fato consegui, por um grande e
verdadeiro milagre e inspiração dela, reproduzir neste desenho o seu belo rosto
angelical ou se meu subconsciente conseguiu projetar o rosto mais lindo que já
vi na face do planeta Terra, de uma moça que não seja necessariamente a Rubia,
uma outra moça que eu tenha amado mais que a minha própria vida, em algum lugar
do passado, de um distante e glorioso passado! Ou ainda, se eu projetei
inconscientemente o rosto meigo e delicado de uma moça com a qual sonho
encontrar, um dia, e viver com ela a mais incrível história de amor, como Romeu
e Julieta. O certo é que eu me apaixonei intensamente por aquele desenho, cujo
rosto meigo, sublime, foi, é e acredito que o será para sempre, o rosto mais
lindo que já vi em toda a minha existência, naquela tarde de outono! Foi um
sonho dourado o que estava se iniciando em minha vida a partir daquele momento,
um sonho do qual não queria acordar, jamais, pois acordar desse sonho
significaria a morte de minha pobre e desolada alma, pelo menos de grande parte
dela! Seria aquele rosto encantador, com aquele sorriso, o rosto da Rubia?
Isto, só o tempo dirá! Só sei que a partir daquele dia de 25 de maio de 2011,
vivi uma intensa história de amor com a Rubia! Não sei se realmente devemos nos
apaixonar por uma guardiã Pomba gira, mas o certo é que me apaixonei fortemente
pela Rubia, vivendo um incrível romance com ela, muito embora ela, com toda a
certeza, não tenha tido essa mesma paixão por mim, claro, mas tão somente um
sentimento de carinho e grande amizade e isso, lógico, já era maravilhoso para
mim!
Foram tardes
maravilhosas, incríveis, repletas da mais perfeita paz, felicidade e alegrias,
que um ser humano possa experimentar; tardes de outono, de primavera; de
inverno e de verão, nas quais eu festejava e brindava a vida junto com a minha
doce e meiga Rubinha, como, então, passei a chamá-la! Bebíamos doces champanhes
e suaves vinhos ou ponches de vinho com salada de frutas, ao som de músicas
clássicas que marcaram época!
Entretanto, a
vida parece mesmo ser feita de altos e baixos e nos prega amargas peças, às
vezes, pois posteriormente a isto, tempestades violentas ocorreram em minha
vida, problemas, perturbações emocionais que iriam influenciar nesta história,
pois ao ver minha mãe em forte estado de depressão, isto trouxe-me grande
desequilíbrio emocional e psicológico, trazendo, com o tempo, velhos
condicionamentos mentais, que estavam guardados no meu subconsciente e que
vieram à tona. Usando de toda a sinceridade, não posso deixar de dizer que tais
situações me incitaram à indignação e à revolta com a vida! É necessário
lembrar que sou humano, imperfeito ainda e com um longo e doloroso caminho de
evolução espiritual ainda! A demais, o que acham que acontece à uma mente
violentamente sacudida pelas tempestades da vida? Tudo isso, claro, no decorrer
do tempo, foi se acumulando, gerando crises internas, sem contar com as
impressões sutis deixadas no inconsciente, de maus hábitos, infelizmente de
vidas passadas e nesta atual, foram gerando crises internas, perturbações,
quadros depressivos também e tudo isso ajudou a despertar esses velhos monstros
e, como não podia deixar de ser, além dessas crises, processos de obsessão
espiritual, que acabaram me levando a ter pensamentos indesejáveis, alheios à
minha vontade. O medo, o pavor, também são fatores preponderantes para isso e,
lógico, por ter pavor da idéia de vir a magoar quem a gente mais ama, é que,
não raro, acaba acontecendo! Às vezes, acontece, quando o nosso emocional está
abalado, de criarmos situações, de até mesmo imaginarmos, por exemplo, que um
ente querido veio a falecer, somente para chorarmos e provar para nós mesmos
que amamos este ser. Coisas do emocional, da mente desorientada! Eu senti que
coisas do tipo foram, aos poucos, criando situações horríveis, profundamente
embaraçosas e foi, aos poucos, me afastando da Rubia, não afastando ela de mim,
acredito, mas eu dela, pois não queria envolvê-la na grande confusão que voltou
a ser a minha vida. Mas, por ser a guardiã incrível que é, maravilhosa, cheia
de luz, sabedoria e compreensão, não me abandonaria, nem me desampararia assim,
num momento no qual mais precisava dela. A menos, é claro, que eu fizesse algo
de muito grave mesmo, coisa que não fiz e tenho fé, jamais farei! Tudo o que
sei, com certeza, é que existem forças que lutam, a todo custo, para nos ver
infelizes, sejam lá que forças forem; se espirituais, se mentais, lembrando o
lado tenebroso da nossa própria mente. O certo é que, acreditem ou não, as
guardiãs Pomba Giras também lutam a todo custo, para nos proteger dessas forças
malignas que se escondem dos olhares dos seres humanos encarnados, mas que não
escapam dos olhares atentos das guardiãs e guardiões, nossos protetores.
Como se não
bastasse toda essa situação desagradável, a vida, ou o destino, ou seja lá o
que for, me pregou a maior peça que se possa pregar a um ser humano, algo que
pode ter influenciado decisivamente, de forma negativa, claro, a minha história
com a Rubia! Foi no mês de novembro, aproximadamente, quando resolvi procurar
mais detalhes sobre a vida da Rubia, que encontrei, num site de uma umbandista
cujo nome não vale a pena citar, algo para mim estarrecedor, chocante, algo que
possivelmente destruiu meus mais preciosos sonhos ou quase os destruiu. Bem, o
texto que encontrei no site dessa umbandista, dizia que a verdadeira Pomba Gira
Rosa Vermelha não é a Rubia e sim uma outra, que era filha de um casal de
agricultores e que viera a morrer vítima do próprio pai, que a espancara e ela
deixou este mundo em cima de um cruzeiro de cemitério que havia no quintal de
sua casa! Bem, eu sempre soube que Rosa Vermelha é nome de falange e, assim
sendo, não existe uma só Rosa Vermelha. Assim sendo, temos Rosa Vermelha da
encruzilhada, Rosa Vermelha da Estrada, Rosa Vermelha da Calunga, Rosa Vermelha
do Cabaré e outras. Não haveria razão lógica para que a Rubia não fosse uma
dessas Rosas Vermelhas que, na minha intuição, ela é a Rosa Vermelha da
Encruzilhada! Bem, entrando em contato posteriormente com essa umbandista, ela
me disse que a Rubia da minha história era uma Pomba Gira Cigana, ou seja, a
Pomba Gira Cigana Rubia e que o desenho que eu fiz acreditando ser a Rubia (e
ainda acredito, apesar de tudo), era, na verdade, da Rosa Vermelha. Ela disse
que a Rubia tinha cabelos pretos cacheados, porém, médios e tinha os olhos
verdes e um pequeno rubi na testa! Olha, isso para mim foi um choque tremendo,
principalmente porque eu construí toda uma história de vida em cima de um
desenho, todo um sonho dourado, um romance extremamente forte que poderia, com
certeza, ser mais forte que a própria morte! Seria o mesmo que conhecer, pela
sua suposta foto na internet, uma garota linda, de cabelos pretos, lisos e
compridos, por exemplo, e ao conhecê-la pessoalmente, descobrir que ela é
loira! Isto foi, para mim, o maior choque que sofri em toda a minha vida e
isto, com absoluta certeza, trouxe a morte para a minha desolada alma, que
sentiu, desde aquele dia, que perdeu o seu mais caro sonho! Deste dia até a
data de hoje, 25/02/2013, a minha vida mudou drasticamente e só tenho feito
chorar de tristeza, sentindo um vazio aterrador, monstruoso, que nada, nada
nesta vida poderá preencher, pois é o vazio da morte de uma alma que perdeu
parte preciosíssima de si mesma! As relações com a Rubia obviamente mudaram
muito! Mas, quero deixar bastante claro que tenho um enorme carinho, respeito
e, sobretudo, gratidão, por tudo que ela me fez de bom, mas aquela antiga e
tremenda paixão que eu tinha pelo desenho que acreditava ser a Rubia, foi-se
esvaindo como a minha própria vida, ficando, no entanto, a imensa e incontida
saudade de um tempo de verdadeira paz que tive, um tempo no qual conheci a
felicidade existente somente no paraíso. Por tudo isso que escrevi, acredito,
hoje, que a moça do citado desenho, deve existir por aí, em algum lugar no
tempo; no futuro ou, quem sabe, no presente, ou num passado longínquo e
glorioso, que marcou a minha vida para toda a eternidade!
Laroyê Rubia!
Hélio dos Santos Pessoa
25/02/2013
vídeo de acervo de Yan Fernando, editado em seu canal do YouTube
URL do canal: http://www.youtube.com/user/yannfranco?feature=watch
URL do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=hXWaI1njNwI
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