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CONFISSÕES
Cai a noite, calma e suavemente,
com suas luzes acesas, seus coloridos, seus ares de romance, seus perfumes e um
sonho do passado, em minha mente! Muito tempo se passou, muita coisa mudou,
inclusive o que eu sentia! Não adianta eu tentar me mascarar desse fato! Sim,
um sonho completamente destruído! Minha vida, sempre tão agitada, como um mar
bravio, juntamente com as duras circunstâncias da vida, me impedem
completamente de ir ao encontro desse passado e reviver esse doce sonho. Mas
não, minha linda, minha própria razão, para o meu próprio bem, insiste em me
mostrar que essa foi a maior de todas as ilusões da minha vida! Um sonho sim, um
lindo sonho, mas ilusório! Eu estou mal, Rubia, minha querida, muito mal!
Nada, absolutamente, consegue me
trazer aquela paz tão incrível que eu tive, quando julguei que tive você em
minha vida, quando você é eternamente livre, como os pássaros e as borboletas
que livres voam sobre as flores do jardim! Eu me sinto mal por ter criado toda
uma história de romance e amor em cima de uma personagem que, com toda a
certeza, não é você! Realmente, eu sinto que preciso, com urgência, de alguém
assim em minha vida, exatamente como imaginei que fosses. Ou então, eu vivi
realmente um romance, num passado remoto, com alguém exatamente assim,
exatamente com os padrões da beleza feminina de uma moça com quem tanto sonhei!
Criei toda uma história, descuidadamente, como mergulhar num abismo, sem me dar
conta de que era num abismo no qual estava mergulhando.
Logo que esse sonho acabou,
Rubia, desnecessário dizer-te, querida minha, que ficou um abismo assustador em
minha vida, o abismo da morte, um vazio jamais, jamais preenchido por nada,
nada, nada! Sei que magoei você, minha linda! Eu a magoei, ainda que sem
querer! Teria sido muito menos doloroso para mim, ter cortado em minha própria
carne, do que magoar você, meu anjo precioso! Eu sei que não sou digno de você,
minha linda, não mesmo! Talvez eu o tenha sido, um dia, no passado! Eu só
espero, sinceramente, que você possa me perdoar um dia, Rubia! Eu suplico o seu
perdão, a sua bondade e clemência! Preciso de ajuda, Rubia, preciso seriamente
de ajuda, com certa urgência! Venha me ajudar, algum dia, se eu o merecer, anjo
da minha vida! Sei que por muitos anos, ainda, por muito tempo, esse sonho do
passado virá à tona, na minha mente, cada vez que eu caminhar pelas noites
serenas, calmas, com as moças nas esquinas e os perfumes e isso me trará
enormes perturbações, dores atrozes, profundas, ainda que só naquele instante!
Vele por mim, querida! Vele pela minha alma em seu sono da morte! Vele pela
minha paz e ressurreição espiritual, eu lhe imploro! Por hora, adeus!
Hélio dos Santos Pessoa
03-03-2015